segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Livro "O adolescente em desenvolvimento" Autores: Arminda Aberastury e Mauricio Knobel

Principais teorias da Adolescência
Hall e a Teoria da Recapitulação

G. Stonley Hall (1846-1924) foi um pioneiro no estudo do desenvolvimento da criança e do adolescente.
Hall descrevia a adolescência como um período correspondente ao tempo em que a raça humana estava em um estágio transitório e tumultuado, uma época de turbulência e tensão. Ao contrário de muitos teóricos da atualidade, ele afirmava que a puberdade era um tempo de grande pertubação, desajustamento emocional e instabilidade, no qual os humores do adolescente oscilaram entre a atividade e a indiferença, entre a euforia e a depressão, ou entre o egotismo e a timidez. O final da adolescência marcaria um novo nascimento, no qual surgiriam os traços mais completamente humanos e elevados, correspondendo ao inicio da civilização moderna. 

Foto de Stonley Hall

Arnold Gesell e a aspiral de padrões de crescimento

Gesell estudou as manifestações comportamentais do desenvolvimento e da personalidade. A teoria de Gesell é, em essência, orientada biologicamente, sugerindo que a maturação do individuo é mediada pelos genes. Segundo Gesell, cada criança nasce única, com seus próprios fatores genéticos ou constituição individual e sequências maturacionais inatas.

 Foto de Arnold Gesell

Pontos de vista psicanalíticos sobre a adolescência

Sigmund Freud (1856-1939) não se empenhou em construir teorias sobre a adolescência, por considerar os anos da infância como fundamentais para formação da personalidade. Ele descreveu a adolescência sobre um período de excitação sexual, ansiedade e, algumas vezes, com transtornos de personalidade.Freud descreveu  algumas fases desde à infância até a puberdade. A fase oral (primeiro ano de vida) em que a criança utiliza um objeto sexual que está fora de seu corpo. A fase anal (entre dois e três anos) em que a satisfação e o prazer estão concentrados na região anal e nas atividades de eliminação. A fase fálica (entre quatro e cinco anos de idade) em que a criança passa a ter interesse no próprio corpo e nos órgãos genitais. Na fase de latência (seis anos até a puberdade), a criança se interessa mais nas amizades, principalmente de mesmo sexo. Na fase genital (na puberdade) a maturação dos órgãos genitais é acompanhada de um forte desejo de resolver as tensões sexuais. Anna Freud, filha de Freud, caracterizou a adolescência como um período de conflitos internos, desequilíbrio psíquico e comportamento inconstante ou errante. Ela diz que a sexualidade e a agressividade da primeira infância são ressuscitadas na puberdade.


Foto de Sigmund Freud

Ascetismo - significa privar-se de prazeres materiais. 
Em caso de ascetismo, jovens privam-se por um certo tempo de todos os prazeres. Isso se dá com adolescentes por períodos de auto-recusa. Outro mecanismo de defesa do ego utilizado pelo adolescente, denomina-se intelectualização. Anna Freud fala que "Se adultos fores ler diários e anotações de adolescentes ficarão pasmados por vários fatores, dentre eles, pela sabedoria que revelam no tratamento de problemas mais difíceis". A adolescência é um período de instabilidade nos relacionamentos com pessoas de fora da família, a explicação para este tipo de comportamento envolve as noções de conflito e defesa.

Foto de Anna Freud

H.S. Sullivan e a teoria interpessoal do desenvolvimento

Sullivan era um neuropsiquiatra norte-americano que ficou conhecido por sua teoria interpessoal. Ele considerava a personalidade como um padrão relativamente constante de situações interpessoais recorrentes que caracteriza a vida humana, uma entidade hipotética que não pode ser isolada de situações interpessoais, sendo o comportamento interpessoal tudo o que se pode observar como personalidade. Ele também diz que o isolamento completo é sinônimo de morte. O termo interpessoal na sua teoria refere-se não só a pessoas reais existentes no tempo e no espaço, mas também as personificações, imagens que o individuo tem de si mesmo ou de outras pessoas. Sullivan contribui no campo da psicologia do desenvolvimento, na área das relações interpessoais. Um conceito importante em sua teoria é o dinamismo, definido como o padrão relativamente estável de transformações de energia, que recorrentemente caracteriza as relações interpessoais. Ele identificou dois tipos de dinamismos de tensão importantes: 
- os dinamismos conjuntivos: que levam a uma união e que resultam na integração de uma situação e na redução de tensão
- os dinamismos disjuntivos: que levam à desintegração psicossocial.
Seus estágios tem por ênfase as necessidades interpessoais como uma força motivadora da vida e no dinamismo da auto-estima, que amadurece na situação interpessoal.
Portanto, definiu seis estágios no desenvolvimento da personalidade:
- Infância 
-Meninice
-Idade Juvenil
- Pré-Adolescência
-Adolescência Inicial
-Adolescência Posterior

Pré -Adolescência é um estágio marcado por uma necessidade de relacionamentos profundos, de intimidade interpessoal com um amigo do mesmo sexo.Este tipo de relacionamento chama-se isofilia.

Adolescência Inicial é caracterizado pela erupção do dinamismo do apetite sexual, que se refere às pulsões associadas à satisfação genital. A transição da necessidade de intimidade do periodo pré-adolescente para a necessidade de satisfação sexual pode acarretar choques de necessidades, criando problemas na adolescência. A adolescência inicial persiste até que a pessoa encontre algum padrão estável do desempenho que satisfaça o dinamismo do apetite sexual.

Adolescência posterior se estabelece por uma série de relacionamentos interpessoais completamente humanos ou maduros. Caracteriza-se por namoros.

Foto de Sullivan

Erik Erikson (1902-1994) e a teoria psicossocial

Erikson acreditava que à medida que o ser humano vai amadurecendo, novos problemas e crises vão surgindo em diferentes épocas de sua existência. Segundo a sua teoria psicossocial, o desenvolvimento de um senso da própria identidade é uma tarefa indispensável na adolescência. Para que o adolescente abandone a dependência dos outros que tinha na infância, ele deve ter noção de quem é, para onde está indo e as possibilidades de se chegar onde deseja. O conceito de crise de identidade, formulado por Erikson, diz que o processo da identidade não começa ou termina na adolescência. Esse processo estende-se ao longo de todo ciclo vital.

Foto de Erik Erikson 

Bronfenbrenner: Uma visão ecológica da adolescência.

O adolescente não se desenvolve num vácuo Eles se desenvolvem nos múltiplos contextos de suas famílias, comunidades e países. Eles são parcialmente um produto das influências ambientais e sociais. Bronfenbrenner desenvolveu um modelo ecológico para compreender as influências sociais, chamado de Modelo Ecológico de Bronfenbrenner. Segundo esse modelo, o adolescente está envolvido por influências sociais que podem ser agrupadas numa série de sistemas. São eles:
-Microssistema: Inclui tudo aquilo que o adolescente tem contato imediato. Por exemplo, a família, os amigos, a escola. O microssistema se altera na medida em que o adolescente se move pra dentro o pra fora de diferentes ambientes sociais. Ex.: Quando muda de escola.
- Mesosistema: Envolve relações reciprocas entre conjuntos de microssistemas. Por exemplo, o que acontece na escola, influencia o que acontece em casa e vice-versa.
- Exosistema: é composto pelos cenários sobre os quais o adolescente não tem um papel ativo, mas que, não obstante, exercem influências sobre ele.
-Macrossistema: Inclui as ideologias, atitudes, padrões, valores e leis de uma determinada cultura. O macrossistema determina quem é um adulto e quem é um adolescente.

Modelo ecológico de Bronfenbrenner




sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Neurociência Cogntiva

*A questão mente-corpo há muito interessa a filósofos e cientistas. Os psicólogos cognitivos estão preocupados como a anatomia e a fisiologia.

*A neurociência cognitiva é o campo de estudo que vincula o cérebro e outros aspectos do sistema nervoso ao processamento cognitivo e  em última análise, ao comportamento.

*O  cérebro é um orgão que comanda ativamente o nosso corpo, mas também ele é reativo.

*O cérebro é dividido em áreas específicas que controlam nossas habilidades e comportamento.

*O sistema nervoso é a base de nossa capacidade de percepção, adaptação e interação com o mundo em que vivemos.

*Dentre vários métodos utilizados pelos cientistas para estudar o cperebro humano, temos os estudos post-moetem ("após a morte") e  as técnicas in vivo ("vivo").

*Através do estudo post-moetem os investigados conseguem dissecar um cérebro após a morte de uma pessoa. A dissecação é usada com frequência para estudar a relação entre cérebro ecomportamento.

*Muitas das primeiras técnicas in vivo foram realizadas exclusivamente em animais, pois insecia-se microeletrados no cérebro de um animal para obter registros sobre a atividade de um único neurônio no cérebro.

*O sistema nervoso, comandado pelo cérebro, dividi-se em duas partes principais:
1- O sistema nervoso central, que consiste no cérebro e na medula espinal.
2- O sistema nervoso peciférico, que consiste no resto do sistema nervoso.

*Os cientistas enxergam o cérebro por meio de dissecações. As técnicas modernas de dissecações incluem o uso de microscópios eletrônicas e análises químicas sofisticadas para investigar os mistérios das células individuais do cérebro.

*O córtex cerebral cerca o interior do cérebro e é a base para grande parte da cognição humana. Além disso, o córtex cobre os hemisférios esquerdo e direito do cérebro conectados pelo corpo caloso.

*O hemisfério esquerdo do nosso cérebro controla principalmente a linguagem. O direito controla sobretudo o processamento visual / espacial.




Estruturas que realizam funções essenciais para a sobrevivência e para pensamento e sentimento de alto nível

# Glândula pituitária: glândula-mestre do sitema endócrino.

# Amígdala: influencia a raiva e agressividade.

#Corpo caloso: transmite informações entre dois hemisférios cerebrais.

# Córtex cerebral: controla as funções do pensamento e da sensibilidade, além de movimento voluntário.

# Septo: influencia a raiva e o medo.

# Hipocampo: influencia a aprendizagem e a memória.

# Tálamo: transmite informações sensoriais ao córtex cerebral.

# Hipotálamo: regula temperatura, alimentação, sono e sistema endócrino.

# Mesencéfalo: sistema de ativação reticular: leva mensagens sobre sono e despertar.

# Ponte: transmite informações entre o córtex cerebral e o cerebelo.

# Cerebelo: coordena os movimentos finos dos músculos e o equilíbrio.

# Bulbo: regula batimentos cardíacos e respiração.

# Medula espinal: transmite impulsos nervosos entre cérebro e corpo e controla reflexos simples.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Seis Estudos de Psicologia - Jean Piaget

O Recém-nascido e o Lactente - Período Sensório Motor

"O desenvolvimento é uma equilibração progressiva, uma passagem contínua de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior. "
No campo da vida afetiva, por exemplo, o equilíbrio dos sentimentos aumenta com a idade. E, finalmente, também as relações sociais obedecem à mesma lei de estabilização gradual.
O desenvolvimento mental é uma construção contínua, comparável a edificação de um grande prédio que, à medida que se acrescenta algo, ficará mais sólido.

O período que vai do nascimento até a aquisição da linguagem é marcado por extraordinário desenvolvimento mental. Muitas vezes, mal se suspeitou da importância desse período. Isto porque ele não é acompanhado de palavras que possam seguir, passo a passo, o progresso da inteligência e dos sentimentos, como mais tarde. 


Piaget separa em 3 estágios entre o nascimento e a aquisição da linguagem: 
  • O dos reflexos;
  • O da organização das percepções e hábitos;
  • E o da inteligência senso-motora propriamente dita;
No recém nascido, a vida mental se reduz ao exercício de aparelhos reflexos, isto é, as coordenações sensoriais e motoras. O bebê não se contenta de sugar quando mama, sugando também no vazio, seus dedos (quando os encontra) e qualquer outro objeto. Coordena os movimentos dos braços com a sucção, até levar, as vezes, seu polegar à boca.


Do ponto de vista perceptivo, constatamos que, logo que a criança começa a sorrir, reconhece certas pessoas em oposição a outras. E logo depois, o bebê começa a pegar o que vê.


O terceiro estágio, que é o mais importante ainda para o curso de desenvolvimento: O da inteligência prática ou senso-motora. A inteligência aparece, com efeito, bem antes da linguagem. Mas é uma inteligência totalmente prática, referente à manipulação dos objetos e que só utiliza, em lugar de palavras e conceitos, percepções e movimentos, organizados em "esquemas de ação". Pegar uma vareta, para puxar um objeto distante, é assim um ato de inteligência.


Um ato de inteligência mais precoce consistirá em aproximar o objetivo, puxando o suporte sobre o qual está colocado. Vários outros exemplos poderiam ser citados. Ao primeiro estágio de técnicas reflexas corresponderão os impulsos instintivos elementares, ligados à alimentação. Ao segundo estágio, corresponde a uma série de sentimentos elementares: o agradável e o desagradável, o prazer e a dor, etc., assim como os primeiros sentimentos de sucesso e fracasso. Ao terceiro estágio, o bebê começa a se interessar essencialmente por seu corpo, seus movimentos e pelos resultados dessas ações.