Hall e a Teoria da Recapitulação
G. Stonley Hall (1846-1924) foi um pioneiro no estudo do desenvolvimento da criança e do adolescente.
Hall descrevia a adolescência como um período correspondente ao tempo em que a raça humana estava em um estágio transitório e tumultuado, uma época de turbulência e tensão. Ao contrário de muitos teóricos da atualidade, ele afirmava que a puberdade era um tempo de grande pertubação, desajustamento emocional e instabilidade, no qual os humores do adolescente oscilaram entre a atividade e a indiferença, entre a euforia e a depressão, ou entre o egotismo e a timidez. O final da adolescência marcaria um novo nascimento, no qual surgiriam os traços mais completamente humanos e elevados, correspondendo ao inicio da civilização moderna.
Foto de Stonley Hall
Arnold Gesell e a aspiral de padrões de crescimento
Gesell estudou as manifestações comportamentais do desenvolvimento e da personalidade. A teoria de Gesell é, em essência, orientada biologicamente, sugerindo que a maturação do individuo é mediada pelos genes. Segundo Gesell, cada criança nasce única, com seus próprios fatores genéticos ou constituição individual e sequências maturacionais inatas.
Foto de Arnold Gesell
Pontos de vista psicanalíticos sobre a adolescência
Sigmund Freud (1856-1939) não se empenhou em construir teorias sobre a adolescência, por considerar os anos da infância como fundamentais para formação da personalidade. Ele descreveu a adolescência sobre um período de excitação sexual, ansiedade e, algumas vezes, com transtornos de personalidade.Freud descreveu algumas fases desde à infância até a puberdade. A fase oral (primeiro ano de vida) em que a criança utiliza um objeto sexual que está fora de seu corpo. A fase anal (entre dois e três anos) em que a satisfação e o prazer estão concentrados na região anal e nas atividades de eliminação. A fase fálica (entre quatro e cinco anos de idade) em que a criança passa a ter interesse no próprio corpo e nos órgãos genitais. Na fase de latência (seis anos até a puberdade), a criança se interessa mais nas amizades, principalmente de mesmo sexo. Na fase genital (na puberdade) a maturação dos órgãos genitais é acompanhada de um forte desejo de resolver as tensões sexuais. Anna Freud, filha de Freud, caracterizou a adolescência como um período de conflitos internos, desequilíbrio psíquico e comportamento inconstante ou errante. Ela diz que a sexualidade e a agressividade da primeira infância são ressuscitadas na puberdade.
Foto de Sigmund Freud
Ascetismo - significa privar-se de prazeres materiais.
Em caso de ascetismo, jovens privam-se por um certo tempo de todos os prazeres. Isso se dá com adolescentes por períodos de auto-recusa. Outro mecanismo de defesa do ego utilizado pelo adolescente, denomina-se intelectualização. Anna Freud fala que "Se adultos fores ler diários e anotações de adolescentes ficarão pasmados por vários fatores, dentre eles, pela sabedoria que revelam no tratamento de problemas mais difíceis". A adolescência é um período de instabilidade nos relacionamentos com pessoas de fora da família, a explicação para este tipo de comportamento envolve as noções de conflito e defesa.
Foto de Anna Freud
H.S. Sullivan e a teoria interpessoal do desenvolvimento
Sullivan era um neuropsiquiatra norte-americano que ficou conhecido por sua teoria interpessoal. Ele considerava a personalidade como um padrão relativamente constante de situações interpessoais recorrentes que caracteriza a vida humana, uma entidade hipotética que não pode ser isolada de situações interpessoais, sendo o comportamento interpessoal tudo o que se pode observar como personalidade. Ele também diz que o isolamento completo é sinônimo de morte. O termo interpessoal na sua teoria refere-se não só a pessoas reais existentes no tempo e no espaço, mas também as personificações, imagens que o individuo tem de si mesmo ou de outras pessoas. Sullivan contribui no campo da psicologia do desenvolvimento, na área das relações interpessoais. Um conceito importante em sua teoria é o dinamismo, definido como o padrão relativamente estável de transformações de energia, que recorrentemente caracteriza as relações interpessoais. Ele identificou dois tipos de dinamismos de tensão importantes:
- os dinamismos conjuntivos: que levam a uma união e que resultam na integração de uma situação e na redução de tensão
- os dinamismos disjuntivos: que levam à desintegração psicossocial.
Seus estágios tem por ênfase as necessidades interpessoais como uma força motivadora da vida e no dinamismo da auto-estima, que amadurece na situação interpessoal.
Portanto, definiu seis estágios no desenvolvimento da personalidade:
- Infância
-Meninice
-Idade Juvenil
- Pré-Adolescência
-Adolescência Inicial
-Adolescência Posterior
Pré -Adolescência é um estágio marcado por uma necessidade de relacionamentos profundos, de intimidade interpessoal com um amigo do mesmo sexo.Este tipo de relacionamento chama-se isofilia.
Adolescência Inicial é caracterizado pela erupção do dinamismo do apetite sexual, que se refere às pulsões associadas à satisfação genital. A transição da necessidade de intimidade do periodo pré-adolescente para a necessidade de satisfação sexual pode acarretar choques de necessidades, criando problemas na adolescência. A adolescência inicial persiste até que a pessoa encontre algum padrão estável do desempenho que satisfaça o dinamismo do apetite sexual.
Adolescência posterior se estabelece por uma série de relacionamentos interpessoais completamente humanos ou maduros. Caracteriza-se por namoros.
Foto de Sullivan
Erik Erikson (1902-1994) e a teoria psicossocial
Erikson acreditava que à medida que o ser humano vai amadurecendo, novos problemas e crises vão surgindo em diferentes épocas de sua existência. Segundo a sua teoria psicossocial, o desenvolvimento de um senso da própria identidade é uma tarefa indispensável na adolescência. Para que o adolescente abandone a dependência dos outros que tinha na infância, ele deve ter noção de quem é, para onde está indo e as possibilidades de se chegar onde deseja. O conceito de crise de identidade, formulado por Erikson, diz que o processo da identidade não começa ou termina na adolescência. Esse processo estende-se ao longo de todo ciclo vital.
Foto de Erik Erikson
Bronfenbrenner: Uma visão ecológica da adolescência.
O adolescente não se desenvolve num vácuo Eles se desenvolvem nos múltiplos contextos de suas famílias, comunidades e países. Eles são parcialmente um produto das influências ambientais e sociais. Bronfenbrenner desenvolveu um modelo ecológico para compreender as influências sociais, chamado de Modelo Ecológico de Bronfenbrenner. Segundo esse modelo, o adolescente está envolvido por influências sociais que podem ser agrupadas numa série de sistemas. São eles:
-Microssistema: Inclui tudo aquilo que o adolescente tem contato imediato. Por exemplo, a família, os amigos, a escola. O microssistema se altera na medida em que o adolescente se move pra dentro o pra fora de diferentes ambientes sociais. Ex.: Quando muda de escola.
- Mesosistema: Envolve relações reciprocas entre conjuntos de microssistemas. Por exemplo, o que acontece na escola, influencia o que acontece em casa e vice-versa.
- Exosistema: é composto pelos cenários sobre os quais o adolescente não tem um papel ativo, mas que, não obstante, exercem influências sobre ele.
-Macrossistema: Inclui as ideologias, atitudes, padrões, valores e leis de uma determinada cultura. O macrossistema determina quem é um adulto e quem é um adolescente.
Modelo ecológico de Bronfenbrenner